Fonte: Agencia FAPESP acesso em 18/07/2012
Agencia FAPESP: Cientistas descobrem por que tomates vistosos não são saborosos
In Controle de Qualidade de Alimentos, In gastronomia, In nutrição, In Você Sabia?quarta-feira, 18 de julho de 2012
Fonte: Agencia FAPESP acesso em 18/07/2012
Agência FAPESP – Um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos identificou as alterações moleculares responsáveis pelo "amadurecimento uniforme" característico da maioria dos tomates à venda em supermercados e feiras.
Essas alterações fazem com que os tomates amadureçam no tempo certo para os vendedores, ganhando em aparência e aumentando as vendas. Mas o "amadurecimento uniforme" também implica em redução no sabor do fruto, que acaba com “gosto de papelão”, segundo a revista científica Science, que acaba de publicar os resultados do novo estudo.
A mutação não afeta propriamente o processo de amadurecimento, mas o padrão de pigmentação do fruto durante seu desenvolvimento. Os pigmentos em questão são as clorofilas e carotenos presentes em cloroplastos, sendo que a mutação do “amadurecimento uniforme” afeta negativamente a formação dessas organelas. Como os cloroplastos são responsáveis pela fotossíntese (a qual irá gerar açúcar) e são reservatórios de carotenos, frutos que não possuem a citada mutação tendem a ter um pouco mais de açúcar e licopeno (caroteno). Contudo, a diferença é pequena, além desses compostos não serem os principais determinantes do sabor dos frutos, mas sim de sua qualidade, conforme explicpu Lázaro Peres, professor no Departamento de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo, em comentário para a Agência FAPESP sobre o estudo feito nos Estados Unidos.
Há mais de meio século os produtores têm desenvolvido e selecionado variedades de tomate com coloração verde clara e uniforme antes do amadurecimento.
Na nova pesquisa, Ann Powell, da Universidade da Califórnia em Davis, e colegas dos Estados Unidos, Espanha e Argentina identificaram que o gene responsável pelo amadurecimento do tomate codifica um fator de transcrição denominado GLK2.
Esse fator, uma proteína que regula outros genes, aumenta a capacidade de o fruto fazer fotossíntese, ajudando na produção de açúcares e de licopeno, substância carotenoide que produz a cor avermelhada.
O problema é que a mutação responsável pelo amadurecimento uniforme desativa o gene GLK2. O resultado é que a produção com base no amadurecimento uniforme tem o efeito indesejado de promover o desenvolvimento inferior dos cloroplastos, que contêm a clorofila responsável por transformar energia solar em açúcar. Ou seja, com a perda nos cloroplastos, cai também a produção de ingredientes fundamentais para o sabor do fruto.
“A informação a respeito do gene responsável pelo amadurecimento em variedades selvagens e tradicionais fornece uma estratégia para tentar recapturar as características de qualidade que acabaram excluídas involuntariamente dos modernos tomates cultivados”, disse Powell.
Os autores do estudo sugerem que a manipulação dos níveis de GLK os de seus padrões de expressão podem eventualmente ajudar na produção de tomates e de outros produtos agrícolas com melhor qualidade.
O artigo Uniform ripening Encodes a Golden 2-like Transcription Factor Regulating Tomato Fruit Chloroplast Development (doi: 10.1126/science.1222218), de Ann Powell e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org/content/336/6089/1711.
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