Pesquisadores observaram que quanto maior o consumo de peixes, menor a incidência de demência em idosos da América Latina, China e Índia. O consumo de carne, porém, mostrou resultados opostos.
Esta pesquisa, com duração de quatro anos, foi realizada com aproximadamente 15 mil idosos (≥ 65 anos), residentes nas áreas rurais e urbanas do Peru, México, China e Índia, e apenas nas áreas urbanas de Cuba, República Dominicana e Venezuela.
Os participantes responderam a uma entrevista em sua própria residência, sobre suas características sócio-demográficas, estado de saúde (com exame físico e neurológico para diagnóstico de demência, presença de doenças crônicas e hábito de fumar), hábitos alimentares (com perguntas padronizadas sobre o consumo semanal de peixes e carnes).
Após análise dos resultados, foi possível verificar que houve maior prevalência de indivíduos com hipertensão e doenças cardiovasculares nos centros mais desenvolvidos da América Latina, particularmente em Cuba. Contrariamente, o Peru apresentou os índices mais baixos de hipertensão. O país também continha menos fumantes, já em Cuba, na Índia e na China, o hábito de fumar era mais comum entre as pessoas mais velhas.
Dentre toda a amostra, houve 1340 casos de demência. A prevalência da doença variou de 6,3% a 11,7%, sendo os maiores valores encontrados nos países da América Latina. O consumo diário de peixes foi maior entre os idosos da Venezuela (50,4%) e China (29,1%), e menores entre os participantes da Índia (7,6%) e República Dominicana (7,9%). Com relação ao consumo diário de carne, os menores valores foram da Venezuela (15,1%) e os maiores da República Dominicana (54,8%), China (54,4%), Peru (38,9%) e Cuba (36,8%).
Aqueles com maiores nível educacional e poder aquisitivo relataram consumir mais carne e peixe, em todos os países analisados. Não houve associação entre o consumo de peixe ou carne com história de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 1 e 2, hábito de fumar ou depressão.
Em todos os países, exceto Índia, houve uma associação inversa entre o consumo de peixes e a incidência de demência (mas não com o grau da doença). O consumo de outros alimentos componentes da dieta não interferiu nos resultados. “Este foi o primeiro estudo com resultados significativos sobre a menor prevalência de demência entre aqueles com maior consumo de peixes em uma amostra populacional de cinco países da América Latina, China e Índia”, dizem os autores, uma vez que as evidências sobre este efeito protetor dos peixes era limitado aos países desenvolvidos.
A associação direta entre o consumo de carne e presença de demência só foi presente entre a população idosa de Cuba e do Peru. Em Cuba ainda houve uma associação significativa entre a gravidade da doença e a quantidade de carne consumida entre as pessoas com demência.
“Não tivemos informações sobre os tipos de peixe e carne consumidos, tamanho das porções e nem a respeito do método de preparo. Estes fatores poderiam ser bastante relevantes. Embora os resultados do estudo sejam válidos, não devem ser generalizados à população mundial, somente para aqueles grupos populacionais com hábitos dietéticos e de vida similares aos dos países estudados”, concluem os autores.
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